Inquérito sorológico para leptospirose em condutores de carroças e equídeos de tração em Belém, Pará

  • Hilma Lucia Tavares Dias Universidade Federal do Pará
  • Wilson Rogério Rodrigues dos Santos Agencia de Defesa Agropecuária do Estado do Pará - ADEPARÀ
  • Claudio Vieira Dos Santos Universidade Federal de Mato Grosso - Campus Sinop
  • Patricia Danielle Lima de Lima Professora na Universidade Estadual do Pará-UEPA
  • Andrea Maria Góes Negrao Universidade Federal Rural da Amazonia - UFRA
  • Silvio Arruda Vasconcellos Universidade de Sao Paulo - USP

Resumo

O presente trabalho teve como objetivo realizar um inquérito soroepidemiológico para leptospirose em condutores de carroças e equídeos de tração que circulam pela cidade de Belém, Estado do Pará. Foram analisadas 250 amostras, das quais 70 pertenciam a condutores de carroças e 180 a equídeos. As amostras foram testadas na prova de soroaglutinação microscópica empregando-se uma coleção de 24 estirpes de leptospiras vivas. Os condutores foram submetidos a um questionário destinado à obtenção de informações sobre variáveis sociais, ocupacionais e ambientais. A frequência de sororreagentes para leptospiras foi de 55% (39/70) e 76% (138/180) para condutores de carroças e equídeos, respectivamente. Os sorovares mais frequentes nos condutores foram: Icterohaemorrhagiae (15,40%), Bratislava (12,90%), Butembo (10,25%), Autumnalis (7,70%) e Copenhageni (7,70%). Já os equídeos apresentaram reações para os sorovares Icterohaemorrhagiae (40/29%), Autumnalis (13/9,4%), Butembo (12/8,6%), Castellonis (11/7,9%) e Copenhageni (10/7,2%). Os bairros do Coqueiro, Bengui, Pratinha e Tapanã apresentaram maior frequência de condutores de carroças e equídeos sororreagentes. Quanto às características ocupacionais, foi constatada maior frequência de indivíduos reagentes entre os que relataram exercer a atividade de condutores de carroças por cinco anos. Os condutores e os equídeos de tração apresentaram reações sorológicas para a maioria de sorovares de Leptospira, o que pode indicar a possibilidade de exposição de ambos à mesma fonte de infecção ou que os equídeos estivessem atuando como fontes de infecção para os condutores de carroças. Nas duas situações, a leptospirose nos condutores examinados pode ser considerada como uma doença de caráter ocupacional.

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Biografia do Autor

Hilma Lucia Tavares Dias, Universidade Federal do Pará
Professora Associado II da Universidade Federal do Pará, lotada no Núcleo de Ciencias Agrárias e Desenvolvimento Rural, atua na area de Medicina Veterinária Preventiva, na linha de pesquisa em Doencas Infecciosas dos Animais
Wilson Rogério Rodrigues dos Santos, Agencia de Defesa Agropecuária do Estado do Pará - ADEPARÀ
Medico veterinário, mestre em Ciencia Animal pela Universidade Federal do Pará e atua como fiscal na Agencia de Defesa Agropecuária do Estado do Pará
Claudio Vieira Dos Santos, Universidade Federal de Mato Grosso - Campus Sinop
Professor na Universidade Federal de Mato Grosso- Campus Sinop
Patricia Danielle Lima de Lima, Professora na Universidade Estadual do Pará-UEPA
Professor Adjunto da Universidade do Estado do Pará. Tem experiência na área de Genética, com ênfase em Mutagenese. Atuando principalmente nos seguintes temas:Citogenética, genotoxicidade, Ferro, Alumínio, Manganês
Andrea Maria Góes Negrao, Universidade Federal Rural da Amazonia - UFRA
Professora Adjunta do Instituto de Saude e Producao Animal - ISPA, da Universidade Federal Rural da Amazonia, atua na area de Medicina Veterinaria Preventiva
Silvio Arruda Vasconcellos, Universidade de Sao Paulo - USP
Professor colaborador da Universidade de Sao Paulo - USP, atua na area de Medicina Veterinaria Preventiva, linha de pesquisa em Doencas infecciosas dos animais

Referências

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Publicado
2016-04-14
Seção
Artigos Científicos